Correntes

   

            E, subitamente, no meio de seus afazeres de sempre e planejando já o que fazer no dia seguinte um pensamento lhe ocorreu: "E se amanhã eu não estiver mais aqui, hoje valeu a pena?". E isso a espantou e logo fugiu, pois sabia a resposta. E encontrou-se atormentada em seus próprios abismos. 

               Em toda sua vida se negligenciou ao que sempre quisera fazer. O que ela realmente queria era estar viajando pelo mundo, estar na estrada é o que a fazia viver. Queria viver aventuras, conhecer novas pessoas, aprender novos idiomas, sentir que cada dia fizera-se viver. Queria ver paisagens de ganhar fôlego e estrada vazias de se tirar também. O mundo era tão grande para ela ficar apenas ali no seu cantinho e quando ela pensava em fazer a realidade dava ares de de sua competência. Quando ela pensava em deixar tudo para trás vinha um milhão de coisas que a "impedia". 

               Ela era livre para fazer o que a bem entendesse, mas ela não se deixava exercer. A liberdade era suplicante, mas ela não conseguia quebrar as correntes que ela mesma ajudou a prender.

Nataly Olivier Santana