Amores suficientes

O amor só devia aparecer

quando este fosse brutalmente arrancado

das profundezas podres e molhadas

das rochas duras e atarracadas

Mas dói saber

que aceita-se apenas a ponta do capim

que cobre a terra áspera

aquele que só sente a brisa leve

e não o terremoto da chegada.

Quantos suficientes foram vividos,

enquanto o verdadeiro mais profundo

se enterrava?

Dói saber,

que se entregam às coisas mais rasas.

É cruel não conseguirem ser desenterrados

e abraçados por aquilo que nos carrega,

por aquilo que carregamos,

como um milagre de asas quebradas.

Mas contentam-se com as cópias

e o mundo não é abraçado e morre-se aos poucos

por aquele amor falseado.

Nataly Olivier