Sorte

       
         Estava na parada, esperando por um ônibus , mas sabe como é aqui, no Brasil, tenho que esperar um "pouquinho" até que o ônibus chegue. O clima estava extremamente quente o que me deixava ainda mais impaciente. Tinha checado o horário no relógio e já eram uma hora da tarde, sendo que desde o meio dia eu estava ali na parada. Respirei fundo e cruzei os braços. Pensei em todas as possibilidades, talvez o ônibus tenha tido um acidente, talvez tenha ficado em um congestionamento por causa de um acidente. Revirei os olhos, como eu pensava em coisas ruins, mas geralmente, relacionado a atraso sempre pensava em algo assim. Tinha até pensando em desistir de esperar, mas tinha um compromisso e não gostava de faltar com nenhum deles.
            -Oi Sheila! -Um amigo meu disse enquanto passava de bicicleta, acenei de volta com um sorriso.
     Comecei a betar o pé no chão, estava impaciente coisa que não era difícil de eu estar. Vi um ônibus se aproximando e suspirei aliviada, tentei enxergar além do meu óculos escuros quando vi que não era o ônibus que eu esperava e voltei para o meu lugar. 
                -Hoje não é meu dia de sorte... -Falei baixinho, reclamando para mim mesma.
      Chequei novamente o horário e já eram uma e meia quando vi outro ônibus descendo pela rua, não criei esperanças, talvez não fosse meu, quando vi que era. Sorri aliviada e dei o sinal. Subi no ônibus, paguei a passagem e passei pela catraca, reparei que o ônibus estava bem cheio, tinha somente uns quatro lugares vazios. Vi uma mulher com o braço no ombro da cadeira ao lado dela e resolvi sentar lá. Ela estava quase deitada na cadeira, parecia estar em casa, sorri com o pensamento. 
       Reparei que onde eu estava sentada era o lado onde estava mais quente e decidi sentar no banco do outro lado, onde tinha um lugar vazio. Sentei-me e fiquei olhando pela janela, via as casas passando, o mesmo caminho que tantas vezes tinha passado nesse mesmo ônibus. Hoje, era só mais um dia e mais uma vez indo por esse mesmo caminho. Nada parecia mudar, mas estava enganada. 
    Continuava olhando pela janela, já não via as coisas que passavam estava perdida em meus pensamentos, resolvi colocar a mão no ferro da cadeira em frente a minha, não sei o porquê, apenas fiz e continuei a olhar para fora da janela quando vi um carro passando rapidamente, mas para mim parecia estar em câmera lenta, vi-o passar e quando deparamos ele se chocou contra o ônibus. Minha mente despertou, o ônibus parou e a maioria das pessoas "voaram" contra os bancos, as que estavam em pé se chocaram contra o vidro da frente, umas bateram a cabeça ou se feriram. 
    Começaram a gritar e descer correndo pelo ônibus, levantei-me e fiquei olhando pela janela, balancei a cabeça e abri um pouco mais os olhos, olhei para a mulher que tinha sentado ao lado antes e perguntei:
           -Você está bem? 
           -Sim, só cortei a mão. -Ela respondeu olhando para a mão ferida.
      Ninguém tinha se ferido gravemente, ainda bem. E lembrei da minha mão segurando no banco da frente, se não tivesse fazendo isso teria batido a minha cabeça e poderia ter acontecido algo pior. Desci do ônibus e o carro estava com um lado todo amaçado, quebrado o motorista parecia estar bem, já que não tinha amassado o lado dele, mas sim o do passageiro. Olhei ao redor e todos filmavam ou tiravam foto do ocorrido, eu olhei para cima e pensei "talvez, hoje seja o meu dia de sorte, afinal".
Nataly Olivier Santana

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