Fonte da vida

        Não sabia o que estava acontecendo, só mantive orações internas, pois via o fim. Andava pelos destroços, perdido, angustiado. Queria gritar, mas a voz não saia. Pessoas corriam entre as chamas, atordoadas, desesperadas, sabíamos que não iriamos sobreviver. Seria esse o nosso fim?
       Sentei-me em um canto e fechei meus olhos e por um momento esqueci de tudo o que estava acontecendo ali e lembrei-me de tudo o que fizera  e do que deixara de fazer na vida e indagava-me: "Qual o sentido disso tudo se no final não vamos mais estar aqui?". Essa era a típica pergunta que não tinha resposta e eu nem saberia se teria um dia, mas estava consciente da morte, podia até senti-la próxima e fria. E cada vez mais a ficha ia caindo e acabei me deparando com a afirmação de que não havia vivido como queria.
           Lembro-me, como se fosse hoje desse dia. Pensava eu como um mero mortal, que esse seria o pior dia da minha vida, mas estava enganado. Nunca pensei que morte significaria vida. Olhando daqui de cima, onde um dia estavam as torres gêmeas, hoje, há a fonte da vida. Existiria nome melhor? Vi meu nome encravado ali e sorri para o céu. Minha missão na Terra tinha sido comprida e eu em vida não fazia ideia. Recomecei a bater as asas e voei para longe, voltando para o meu descanso, agora, eterno.

Nataly Olivier Santana

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