Longe
Eu tenho essa sensação
de que nunca estive perto
sempre essa inquietude de flutuação
como se eu não pudesse
Tocar, sentir, ver
parecem sentidos que nunca experimentei
e agora afastada
meu corpo reage de uma forma que não sei
Nunca presenciei
e não entendo o que esse meu inconsciente
está fazendo com meus membros
eu te vejo e sou cega, assim como todos ao me verem
Era verdade
havia me afastado, mas ainda continuava ali
como se dissesse;
não sei prosseguir
Isso está além do que habita aqui
meu corpo é separado de mim
e nunca senti tocarem o eu
que arbitrariamente resiste escaldante no breu
Nunca sequer
os dedos suaves passaram
na camada da superfície do plasma
transparente, líquido, quente, permanente
Agora, inclino o rosto e te olho
e constato: não entendi
acusa-me de sumir
e quando estive: entendeu, eu estava ali?
Não. Não entendeu
acusa-me se nunca me viu
mas está sempre tudo bem
isso está além de mim
Agora que vejo
algumas palavras riscarem o céu negro
eu fujo, porque, não sei prosseguir
e não há olhares ou dedos suaves, não há nada aqui
Mas já estou habituada
ao nada, é o que escolhi
nessa errata, sumir é o que me faz existir
sumir.
Nataly Olivier
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