Madrugada turbulenta
Era madrugada. Olhei para o céu negro, suas estrelas e a lua que parecia mais um sorriso. Sentir todo aquele silêncio era quase como se invocasse os
nossos demônios, era nessas horas que aquelas perguntas de sempre apareciam,
saiam da espreita. Olhei para a rua vazia e só ouvia o silêncio, suspirei.
Não é louco de pensar às vezes o quão
pequeno somos? Há
tantas perguntas... O que é que pode haver mais lá fora? Nós sabemos tão pouco! Isso é angustiante. Mas será que se soubéssemos, essa angústia se cessaria?
Indaguei-me. Talvez saber só aumentasse
essa angústia, pensei. Não haveria mais razão para se viver, já que
passamos a vida tentando descobrir as respostas. Nossa, seria um tédio saber de
tudo! Cheguei à conclusão.
Era nessas horas que eu chegava às
partes mais sombrias da minha alma, onde muitos não se arriscavam a fazer uma
visitinha, mas eu já era serventia, de tanto que ia lá. Podia e posso nunca
conhecer talvez nem 1% ou nada do que se há por aqui ou lá fora, já que não sou
nenhum cientista, estudioso super inteligente, sou só uma simples garota com
meus questionamentos, mas tento pelo menos conhecer um pouco aqui, dentro.
Porque assim, talvez, eu possa enxergar algo que ninguém possa. Mas nessas viagens
solitárias e profundas, percebo o quão "problemático", quase
matemáticos também somos. Não é fácil desvendar nós mesmos. Mas percebo que
somos transformações diárias. Nunca sou eu mesma o tempo todo ou talvez seja
eu, só que um eu que eu ainda não conheça. Isso
é complexo, mas nós somos complexos. Nós somos várias coisas. Às vezes me
surpreendo fazendo algo que normalmente eu não faria e assusto-me comigo mesmo.
É como se existissem vários eus.
Fiquei um bocado de tempo ali
contemplando o vazio, o silêncio que se confrontava com a turbulência e o
estrondo dentro de mim e percebi nas entrelinhas que com o pouco que eu sabia e
do muito que eu não sabia já dava um tremendo estrago para minha mente insana.
Mas entendi que era importante apenas abrir mãos de algumas perguntas e de suas respostas e seguir em frente nessa aventura insana no desconhecido, que é a vida.
Nataly Olivier Santana
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