Nunca mais ser


Sabe, quando você muda tanto,
que não reconhece mais nem o outro?
É como se você fosse outro corpo,
outra mente,
tudo novo,
nova configuração,
e você não lembra do outro,
porque o seu novo eu não os conhece
tudo dentro é vazio
sem preenchimento vivo.
Você não lembra mais
qual a cor favorita deles
se deve sorrir naquela hora
ou não,
o porque eles acham aquilo importante
e você não sabe o que dizer.
Você se assusta
e olha para dentro no meio da conversa
tentando achar soluções,
respostas para aquilo
e encontra-se com os olhos arregalados.
Há a constatação.
Você não é quem era antes
e nem vive mais onde eles vivem.
E você derrama uma lágrima,
de tristeza,
de alívio,
por estar perdido.
Você sabe quem é
ao mesmo tempo não.
Você só sabe que não é mais quem costumava ser,
e os outros continuam sendo,
e que quem você é agora,
nunca vai se formar.
Há a constatação.
De nunca mais ser,
sempre se definindo e se redefinindo.

Nataly Olivier

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